sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O legado da Democracia Corintiana. (Casagrande e Magrão)

Bom dia, ontem terminei de ler o livro "Casagrande e seus Demônios", do próprio Walter Casagrande em conjunto com o jornalista Gilvan Ribeiro, obra esta que, em meio aos altos e baixos da vida do atleta, narra histórias da Democracia Corintiana, movimento político-esportivo que visava principalmente incentivar o retorno do voto direto (Diretas Já), e o fim da triste Ditadura Militar.

Quem me conhece sabe que sou corintiano de corpo e alma. Logo, considero Walter Casagrande um dos meus maiores ídolos, ao lado do seu ex-parceiro Sócrates, o maior jogador da história do Corinthians. O time alvinegro durante este período é o um dos maiores da história do clube, recheados de craques como Zenon, Wladimir, Eduardo, Leão (refratário do movimento), Biro-Biro, além da dupla supracitada.

O Corinthians, na época, venceu dois campeonatos paulistas consecutivos, 1982/83, em cima do rival São Paulo, sendo que numa destas decisões, parte do elenco passou a madrugada da véspera da final na casa do Doutor, tomando umas e outras, o que não prejudicou a obtenção do título horas depois. A despeito da grande importância do Paulistão na época, o Timão tinha time para conseguir outros canecos, o que não ocorreu, sendo que muitos culpam justamente a falta de comprometimento do grupo que, habitualmente, vedada concentrações e treinamentos, tudo após o assunto ser votado, evidenciando o intuito democrático que norteava os líderes do elenco. Este belo time do Corinthians, que primava pela técnica ao invés da  histórica raça corintiana, conseguiu ainda chegar nas semifinais do Campeonato Brasileiro de 1984, tendo sido eliminado pelo forte time do Fluminense (de Assis, Washington e Romerito) que acabaria campeão contra o Vasco da Gama.

Pois bem, independentemente dos resultados dentro do campo, e de alguns abusos, tem-se que a Democracia Corintiana representou movimento sem precedentes na história do mundo da bola, e jamais foi repetido posteriormente, tendo sua importância reconhecida por grandes figuras brasileiras, como por exemplo, Jorge Amado, Oscar Niemeyer, dentre outros. O legado (e qualifico assim, pois Sócrates infelizmente já faleceu) deste movimento está eternizado, e representa, pois, enorme marco na gloriosa história do "time do povo". O Corinthians hoje é campeão mundial, igualmente a Santos, São Paulo, Flamengo, Grêmio e Internacional (seletíssimo grupo, por sinal). Todavia, somente o Timão pode se orgulhar dum movimento como a Democracia, que além dos jogadores contou com participação da dirigência do clube, como por exemplo, Waldemar Pires e Adilson Monteiro Alves.

Particularmente, minha adoração e identificação pela dupla Casão/Magrão transcende o futebol, atingindo também outras bandeiras da dupla, como o rock r´roll, a esquerda política, os cabelos e barbas longas, o gosto pelo álcool (não me gabo disto), etc...a maior identidade, no entanto, reside mesmo no corintianismo.

Vida longa ao Walter Casagrande Junior, que diariamente trava batalha contra o vício das drogas. Infelizmente não posso desejar o mesmo ao Doutor Sócrates, morto em 04/12/2011 (decorrência do habitual uso de álcool), data em que o Corinthians conquistou seu 5º título nacional. Eternos parceiros, separados por um período de desentendimentos, mas felizmente reunidos antes da partida do Magrão. Ambos, eternamente guardados em meu coração. Eternamente marcados no coração da Fiel torcida.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário